FCUP lidera projeto europeu para evitar desperdício de vacinas

Fotografia: D.R.

Um projeto europeu, no valor de 3,6 milhões de euros e liderado pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), visa salvar vacinas, com uma nova tecnologia de refrigeração que permite mantê-las à temperatura recomendada.

De acordo com a FCUP, todos os anos perdem-se 1,5 milhões de vidas em todo o mundo devido ao acesso insuficiente à vacinação. Ao mesmo tempo, mais de 50 por cento de toda a produção das vacinas é desperdiçada, em grande parte, devido ao controlo ineficaz da temperatura durante o armazenamento/transporte.

“Algo que atualmente contribui para o desperdício de vacinas é o regulamento restritivo do transporte aéreo dos sistemas de refrigeração tradicionais, devido a riscos de segurança. Os gases refrigerantes que estes sistemas usam, para além de serem poluentes, são também altamente explosivos e asfixiantes”, começou por explicar o investigador do Instituto de Física dos Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica da Universidade do Porto (IFIMUP), responsável pelo projeto, João Horta Belo, citado em comunicado.

Os investigadores viram neste problema a oportunidade para aplicar a refrigeração magnética, mais sustentável e que não utiliza estes gases. Surgiu, assim, o Magccine, financiado pelo Programa Pathfinder, do Conselho Europeu de Inovação, que promete revolucionar a cadeia de frio das vacinas.

Neste projeto será posta em prática uma descoberta da equipa da FCUP recentemente alvo de patente: o efeito magnetocalórico rotativo, onde uma mudança de temperatura num material magnetocalórico é induzida por rotação do campo magnético (ao invés da aplicação/remoção do campo) — o que permite a utilização de campos magnéticos menos intensos.

“Com esta tecnologia, a refrigeração magnética está mais próxima de ser uma realidade no mercado, uma vez que reduz a necessidade de utilização de matérias-primas de elevado custo associadas à intensidade do campo magnético — um dos maiores entraves à construção de dispositivos de refrigeração”, diminuindo assim os custos de produção, do volume e do peso destes equipamentos, refere o comunicado divulgado pela FCUP.

A FCUP prevê que até 2028 esteja pronto um protótipo operacional para refrigeração de vacinas no intervalo de temperaturas dos 2 a 8 ºC — exigido por 90-95 por cento das vacinas produzidas.

Este equipamento terá um consumo mais baixo e mais eficiente de energia e permitirá também a integração de fontes de energia renováveis. “Desta forma, aumenta a segurança no transporte e armazenamento quando este ocorre em locais remotos com rede elétrica de difícil acesso ou indisponível”, lê-se no comunicado.

O projeto liderado pela FCUP reúne mais quatro instituições académicas – a Universidade de Aveiro, a Universidade de Sevilha, a Universidade de Ljubljana e o Centre National de la Recherche Scientifique / Institut Néel(CNRS) – e dois parceiros industriais – MagREEsource e a Helium 3.

A investigação será orientada por especialistas mundiais, como a Organização Mundial de Saúde, a UNICEF, Cemafroid, IIR, e nacionais, como a APIRAC, Medgree e Addvolt.

A equipa da Faculdade de Ciências neste projeto integra os investigadores e docentes da FCUP João Horta Belo, João Ventura, João Pedro Araújo, André Pereira, Sara Freitas, Ana Pires e Rafael Almeida.

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