Entrevista a José Pimenta Borges
Especialista em refrigeração industrial, José Pimenta Borges aborda a evolução do setor neste último meio século, e a perda de importância decorrente da desestruturação do setor das pescas. O engenheiro chama ainda a atenção para a inexistência de um regulamento de segurança de instalações frigoríficas, o que impossibilita a responsabilização em caso de problemas com a instalação.
Entrevista por Cátia Vilaça | Fotografia: D.R.
Como caracteriza o panorama geral da evolução da refrigeração industrial ao longo dos últimos 50 anos?
A refrigeração propriamente dita pode ser encarada de duas maneiras: como refrigeração comercial e como refrigeração industrial. A minha área de trabalho de 50 anos tem sido essencialmente a refrigeração industrial. A refrigeração comercial e a refrigeração industrial distinguem-se porque a comercial é mais pequena – é a que existe nas câmaras e nos armários aplicados nas lojas que vendem produtos alimentares e nos dispensários de bebidas. A distinção entre uma coisa e outra tem a ver sobretudo com a dimensão e a potência frigorífica aplicada, embora não exista, nem a nível nacional nem internacional, consenso acerca do que é o limite de uma coisa e de outra.
De uma maneira geral, e isto é uma situação que se tem debatido bastante, os limites andam entre os 30 e os 50 kW de potência elétrica. Tudo aquilo que tenha menos de 30 ou o que tenha 30 é refrigeração comercial, e o que tem mais de 30 é refrigeração industrial.
Em relação à refrigeração industrial, há muito pouca entropia nacional e muito pouca atividade industrial associada à construção de equipamentos, mas na refrigeração comercial isso não é assim porque temos efetivamente bons produtores e temos empresas bastante boas a produzir equipamentos de refrigeração comercial em Portugal. Na refrigeração industrial isso já não se passa da mesma maneira. Tirando a exceção da uma importante unidade industrial que fabrica os equipamentos de tratamento de ar, e tirando o licenciamento de uma fábrica alemã que trabalha também na mesma zona industrial, praticamente não há produção de equipamento para refrigeração industrial. (...)
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