A falta de técnicos e a inclusão das mulheres

Foto Graeme Worsfold / unsplash

Caros Leitores(as),

Como professora do ensino superior e presidente da EFRIARC, tenho acompanhado de perto os desafios enfrentados pela indústria de AVAC&R, tanto no âmbito da formação técnica quanto na promoção da inclusão de mulheres neste setor.

Gostaria, por isso, de aproveitar este espaço para realçar estes dois assuntos que são abordados nesta edição da nossa revista técnica, e que considero de extrema relevância:

  1. a falta de profissionais técnicos qualificados e
  2. as barreiras enfrentadas pelas mulheres para ingressar e permanecer na indústria.

É preocupante observar que a sociedade contemporânea enfrenta um problema crescente: a escassez de indivíduos com formação técnica qualificada. Este fenómeno é especialmente preocupante em setores estratégicos como o de AVAC&R, onde há uma demanda crescente por profissionais especializados.

No passado, como destacado~num dos artigos desta edição, o ensino técnico era um pilar importante na preparação de trabalhadores qualificados para atender às necessidades industriais. Contudo, nas últimas décadas, a desvalorização da formação técnica tem conduzido à falta de profissionais com as competências necessárias e está a colocar em risco não só o crescimento da indústria, mas também a competitividade do país à escala global.

Para reverter esse quadro, é essencial integrar de forma mais robusta as atividades económicas no currículo educacional.

A educação técnica deve estar profundamente conectada com a indústria, proporcionando aos alunos uma visão clara das demandas reais do mercado de trabalho, e com isso valorizando este nível de ensino, conduzindo à profissionalização de muitos jovens que abandonam os seus estudos. Parcerias entre escolas, politécnicos e empresas são cruciais para assegurar que os currículos reflitam as necessidades empresariais em constante evolução.

A cooperação com o setor privado permitirá que as instituições de ensino desenvolvam programas que ofereçam habilidades técnicas atualizadas e alinhadas às inovações tecnológicas e práticas emergentes.

Outro aspeto fundamental também apresentado nesta edição é a urgente necessidade de ampliar a participação das mulheres na indústria, especialmente em setores como o AVAC&R. Num setor historicamente dominado por homens, as barreiras para a inclusão feminina ainda são grandes. No entanto, essa realidade precisa de mudar.

A indústria de AVAC&R tem muito a ganhar com a inclusão de mulheres nas suas equipas, pois a diversidade de perspetivas e experiências é um motor para a inovação e o desenvolvimento. Como professora, vejo nas jovens estudantes um enorme potencial, que muitas vezes é limitado pelos estereótipos sociais e pelas poucas oportunidades oferecidas em setores técnicos. É fundamental que as empresas criem ambientes mais acolhedores e ofereçam políticas que permitam um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Além disso, o combate aos estereótipos de género e a promoção de políticas de igualdade são passos essenciais para atrair e reter mais mulheres na indústria, ponto fulcral para que as mulheres de hoje publicitem às mulheres do amanhã que vale a pena seguir estas áreas técnicas.

Em suma, os temas abordados nos dois artigos mencionados estão profundamente interligados. Como professora e presidente da EFRIARC, acredito que a solução para ambos os desafios reside na construção de pontes mais fortes entre a academia, a indústria e a sociedade, de forma a criar um futuro mais equitativo, inovador e sustentável. É urgente que repensemos as nossas abordagens tanto na educação técnica quanto na inclusão de mulheres, para garantir que a indústria de AVAC&R, e o país como um todo, continue a evoluir e a prosperar.

Uma boa leitura e até breve!

Editorial da Avac Magazine nº 9, julho/ setembro 2024
Cláudia Casaca

Diretora da Avac Magazine

Se quiser colocar alguma questão, envie-me um email para info@avacmagazine.pt

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