IEA prevê aumento do consumo de eletricidade devido à refrigeração e dessalinização

FOTO DEFLINO BARBOZA/ UNSPLASH
Christina Genet
No seu mais recente relatório sobre o Médio Oriente e o Norte de África, a IEA analisa a evolução do setor energético da região e alerta sobre a necessidade de investir em fontes renováveis para reduzir a dependência ao petróleo.
A Agência Internacional de Energia (IEA) publicou em setembro de 2025 um relatório sobre a evolução do setor energético no Médio Oriente e Norte de África (MENA). Uma informação destaca-se particularmente: o consumo de eletricidade na região deverá crescer 50 % até 2035, impulsionado sobretudo pelo aumento do uso do ar condicionado e pela expansão da dessalinização.
O MENA é uma das regiões mais vulneráveis às alterações climáticas. As temperaturas de verão frequentemente acima dos 40 °C e o stress hídrico crónico fazem com que a refrigeração e a dessalinização se tornem pilares da procura elétrica. Segundo a IEA, os sistemas de ar condicionado já representam cerca de metade do pico de consumo de eletricidade na região e deverão manter essa proporção até 2035. No que diz respeito à dessalinização, a IEA estima que a capacidade instalada quadruplicará na próxima década.
Implicações para o sistema elétrico
Estas previsões antecipam transformações profundas no sistema energético. Atualmente, a geração na região depende em mais de 90 % de gás natural e do petróleo. A IEA prevê que o gás natural deverá satisfazer metade do novo crescimento da procura até 2035, enquanto a participação do petróleo na produção elétrica deverá cair dos atuais 20 % para apenas 5 %.
Em paralelo, fontes mais limpas expandem-se rapidamente. A capacidade fotovoltaica na região deverá crescer dez vezes até 2035. A IEA projeta ainda um crescimento significativo da energia nuclear, com reatores em construção no Egito e planos na Arábia Saudita, o que poderá triplicar a capacidade nuclear até 2035.
Inovação e modernização das redes
Para suportar essa transição, o relatório sublinha a necessidade de modernizar as redes elétricas. A IEA recomenda o reforço das interligações regionais, mais armazenamento e maior flexibilidade da procura, para acomodar a intermitência das renováveis. O gás continuará a desempenhar um papel importante para garantir estabilidade, especialmente durante os picos de consumo.
Além disso, a eficiência energética tornar-se-á uma prioridade decisiva. Neste contexto, o Start Campus localizado em Sines em Portugal – um megacentro de dados tirando partido de um sistema de arrefecimento com água do mar e de uma localização estratégica na costa atlântica – poderá revelar-se uma solução inovativa com grande potencial a nível internacional.
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