Como cumprir requisitos de qualidade ambiental interior e eficiência energética?

FOTO: JIMMY DEAN/ UNSPLASH
Artigo publicado no portal europeu BUILD UP sugere abordagem holística para cumprir requisitos de qualidade ambiental interior de forma simultânea: qualidade do ar interior, conforto térmico e acústico e eficiência energética
Reconhecendo a importância de um edificado eficiente na transição para um modo de vida mais sustentável, o artigo “Acceptable indoor environmental quality and energy efficiency standards: can buildings meet both (and for everyone)?”, publicado pela equipa editorial do portal BUILD UP, faz uma revisão das propostas para lá chegar.
Os autores analisam de que forma os parâmetros de qualidade ambiental interior podem ser mantidos em níveis aceitáveis sem se tornarem conflituantes (pensando, por exemplo, na qualidade do ar interior e no conforto acústico), e também se propõem analisar se a performance energética e a qualidade ambiental interior podem ser alcançadas em simultâneo.
A aposta em medidas passivas acaba por ser a mais transversal: as coberturas verdes melhoram a qualidade do ar e arrefecem o ambiente interior, influenciando positivamente o conforto térmico e a eficiência energética. O vidro eletrocrómico, que se torna opaco à passagem da luz, também é uma opção para influenciar positivamente a luminosidade e o conforto térmico, induzindo poupança. O poliuretano e o poliestireno expandido, o algodão, a cortiça, a lã de vidro ou a celulose são exemplos de materiais que podem proporcionar bom isolamento acústico. Contudo, alguns deles podem libertar poluentes, pelo que devem ser combinados com um bom sistema de ventilação.
Tratando-se de um problema complexo, têm vindo a ser desenvolvidos estudos com diferentes abordagens. Um estudo de 2023 investigou de que forma a ventilação na sala de aula, seja mecânica ou natural, nas escolas e universidades, afeta as perceções acústicas e ambientais. Percebeu-se que o ruído das ventoinhas impacta negativamente as capacidades de aprendizagem quando comparado com a ausência de ruído. Contudo, o ruído externo originado pela ventilação natural tem um efeito negligenciável quando comparado com ruídos antropogénicos como trânsito, vozes ou trabalhos de construção, e até pode ter um efeito positivo.
Noutro estudo, de 2024, o foco foi a interrelação entre qualidade do ar interior, conforto térmico e eficiência energética. Os resultados sugerem a necessidade de expandir a investigação, para incluir também os edifícios não-residenciais, além dos residenciais, de considerar mais variáveis relacionadas à ocupação (número de ocupantes, comportamento, atividades, posição) e ao edifício (orientação, revestimento, janelas, materiais e isolamento). Também se recomenda que as investigações futuras incorporem mais fatores do ambiente interior, como a acústica e a iluminação. Também se destaca o potencial da inteligência artificial e técnicas de machine learning.
A nova EPBD inclui, pela primeira vez, uma definição de qualidade ambiental interior: o resultado da avaliação de condições dentro de um edifício que afetam a saúde e bem-estar dos ocupantes, baseada em parâmetros relacionados com temperatura, humidade, taxa de ventilação e presença de contaminantes.
De acordo com a diretiva, até 2028 todos os edifícios públicos novos devem ter emissões zero, e a partir de 2030 o requisito estende-se a todos os edifícios.
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