Entrevista a António Bordalo Vieira

António Bordalo Vieira alerta para a importância de implementar, de forma mais generalizada, o recurso ao comissionamento nas instalações AVAC, chamando a atenção para os ganhos económicos e a diminuição de erros daí decorrentes.
Entrevista por Cátia Vilaça | Fotografia: D.R.
Nos últimos anos, as preocupações de eficiência energética têm vindo a aumentar e a refletir-se em todo o tipo de projetos. De que forma estas preocupações têm impactado o comissionamento de sistemas AVAC?
O comissionamento consiste num conjunto de ações orientadas para a verificação e documentação de que uma instalação, isto é, os seus sistemas e os diversos equipamentos, cumprem com os objetivos e os critérios definidos anteriormente. Havendo uma preocupação energética e ecológica, se estes processos não forem implementados, o mais certo é que no final da obra se verifique que determinados objetivos, que se pensava que iam ser conseguidos, afinal não o são. É uma metodologia que, ao ser utilizada, facilita a obtenção desses resultados.
Atualmente, em Portugal, o Sistema de Certificação Energética, ao solicitar o cumprimento de determinados testes e ensaios, já colabora, mas de uma forma apenas complementar, porque o comissionamento é um processo bastante mais completo do que os tradicionais testes e ensaios no final da instalação.
Idealmente, o processo deve começar com os requisitos do dono de obra, que é um documento que expressa e que regista o que é expectável e foi solicitado pelo dono de obra. O ideal, para o comissionamento, é que se processe desde o início até ao final da obra e não termine aqui - deve continuar com a exploração do edifício.
As preocupações de eficiência energética trazem desafios adicionais a estas operações?
Diria que não. No nosso país, sim, mas noutros países não. O comissionamento é uma metodologia já utilizada em muitos países, mas em Portugal estamos um pouco mais atrasados. Referi que o Sistema de Certificação Energética veio alertar e complementar esta preocupação, mas existem outros países onde não foi necessário um Sistema de Certificação Energética para que isto fosse implementado.
Portanto, não queria colar a obrigatoriedade do comissionamento ao Sistema de Certificação Energética – ajuda, é uma preocupação, complementa, mas não é obrigatoriamente por causa de uma situação que a outra se revela. (...)
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