Produção de água quente a alta temperatura
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A produção de água quente a alta temperatura para aplicações de água quente sanitária, AQS (na terminologia inglesa DWH - domestic hot water), ainda muito associada à utilização de caldeiras a gás, sofre atualmente grande pressão para a descarbonização. Não sendo de descurar a possibilidade, a longo prazo, de distribuição e consequente utilização do hidrogénio em caldeiras, o custo de produção e risco de utilização do hidrogénio torna neste momento a utilização da energia elétrica em bombas de calor, a solução mais segura, económica e tecnologicamente madura, para substituição da queima de gás, por energia elétrica, na produção de AQS.
No passado não muito longínquo, a produção de energia elétrica em Portugal, e na Europa, era baseada na queima de combustíveis fósseis, embora com algumas exceções nomeadamente dos países nórdicos com grande produção hídrica e de alguns países da europa central, nomeadamente França, com a opção nuclear. Nessa situação podia validamente argumentar-se que a energia elétrica tinha uma pegada de carbono significativa, portanto, similar à utilização de gás para aquecimento, contudo, a pressão ambiental e o desenvolvimento tecnológico, levaram a uma utilização crescente, de energias renováveis na produção de energia elétrica, fundamentalmente hídrica, eólica e fotovoltaica, que relegaram a utilização de combustíveis fósseis na produção de energia, para uma posição marginal.
Em Portugal, a maioria da energia elétrica produzida é já proveniente de fontes renováveis, e em períodos de pluviosidade significativa, como por exemplo o início de 2024, encontram-se já um número de horas significativo, com produção 100 % renovável e naturalmente com tendência para redução de preços de comercialização. As metas, e compromisso europeu, de obtenção de neutralidade carbónica em 2050 e a expectável redução comparativa do preço da energia elétrica tornam a utilização de bombas de calor a solução de futuro para aplicações de aquecimento.
Tipo de aplicações
A necessidade de produção de AQS a alta temperatura, isto é, produção a temperatura claramente superior à temperatura de utilização, é consequência direta da necessidade de combate à legionella, que naturalmente ganha maior importância, dada a amplitude do risco, nas instalações de utilização pública das quais se salientam as 3 aplicações principais: hotéis, hospitais e balneários (ginásios, piscinas, centros desportivos, etc).
Sem descurar o naturalmente maior número de aplicações residenciais, este tipo de utilização por menos exigente e de menor risco de disseminação da legionella, permite a utilização de temperaturas de produção mais baixas, isto é, mais próximas da temperatura de utilização, na ordem de 50 a 55 °C, e consequentemente atingíveis com bombas de calor ar-água de um estágio, as mais correntes no mercado. (...)
Por Luis Caetano
Diretor Técnico - MEHITS, Mitsubishi Electric Europe BV
Licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Sistemas de Energia
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