Requisitos de educação para um trabalho industrial de cariz humanístico – o papel do ensino nível 3 e 4

  • 11 novembro 2024, segunda-feira
  • Gestão

Os processos de fabrico e construção no presente e no futuro apresentam desafios na sua relação com o trabalho humano. Um dos grandes desafios é a visão distópica da sustentabilidade, que coloca o ambiente no centro de todas as preocupações. Outro, o papel cada vez maior da inteligência artificial nas atividades económicas. À revolução industrial de robotização, muitas vezes designada por Industry 3.0, seguiu-se uma nova revolução que integrou dados e processos em conjunto com a robotização.

A economia ainda mantém vários tipos de indústrias tradicionais. Em particular, a indústria de construção continua a utilizar mão-de-obra especializada e não especializada na criação de produtos únicos. Descartar pessoas com base num modelo de indústria que ninguém sabe como será no futuro é desonesto. O humanismo tem de imperar nas relações sociais e de trabalho.

Não basta a uma sociedade garantir a liberdade e igualdade, é necessário garantir dignidade. A dignidade alcança-se, em grande medida, pelo trabalho. É necessário que o ser humano seja o centro do trabalho e o centro do progresso. Mas a realidade é diferente. O sistema de ensino e a voz dos média considera realização e mérito o acesso ao ensino superior. Este sistema coloca fora deste conceito de mérito cerca de 60 % da população portuguesa entre os 25 e os 34 anos. Estes valores são análogos aos 45 % da Europa_20, 38% na Alemanha e 52 % em França. A sensação de demérito faz com que cerca de 9 % da população portuguesa jovem entre os 15 e os 29 anos não trabalhe nem estude.

A UE tem um valor ligeiramente superior, algo perto de 12 %. Será que o demérito de entrada na Universidade é real? O ensino superior é uma necessidade para a grande maioria da população?

Num sistema com igualdade de oportunidades, o acesso à Universidade é para todos. Assim, são menos capazes aqueles que não atingem o objectivo? Podem receber menos e terem um tratamento diferenciado pela negativa? Respostas afirmativas a estas perguntas levam ao desprezo nas relações sociais, que mina a coesão social e, em última instância, destrói as instituições.

É necessário repor o valor humanista do trabalho, com vista à dignidade individual e ainda ao próprio funcionamento da sociedade. Porque uma sociedade necessita de pessoas com várias valências e capacidades, todas elas importantes. Quem não se lembra do papel fundamental de quem distribuía compras durante a pandemia COVID?

A disrupção social na Europa vai ser acelerada pela digitalização dos serviços, pela inteligência artificial e por elementos de propaganda originada nos vários pólos mundiais dirigidos com essa finalidade. O sistema de ensino distorcido é talvez o maior acelerador dessa disrupção, porque mina directamente a mente de cada nova geração (...)

Leia o artigo completo na Avac Magazine nº 9, julho/ setembro 2024

Por Miguel Cavique, Escola Naval 
António Mourão, FCT da Universidade Nova de Lisboa

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