Entrevista a José Graça Rocha

Com uma carreira inteiramente dedicada à área hospitalar, José Graça Rocha fala-nos dos desafios associados ao projeto de especialidades neste setor, e do conhecimento que se foi perdendo com a diluição das instituições que o tutelavam.
Entrevista e fotografia por Cátia Vilaça
Quais são os principais aspetos a ter em conta no projeto de AVAC, tomando como exemplo um grande hospital, de modo a assegurar o correto funcionamento e as condições de segurança?
O grande hospital tem uma característica muito interessante no que diz respeito aos edifícios. Para o projetista de AVAC, e também das outras especialidades, abrange tudo aquilo que um projeto normal de um edifício possa ter. Temos áreas administrativas, área hoteleira, serviços diferenciados no que diz respeito a cirurgias, cuidados intensivos, laboratório, e áreas técnicas muito importantes e determinantes no funcionamento do hospital.
No que diz respeito ao AVAC, temos praticamente todas as exigências possíveis, todos os aspetos técnicos necessários para o desenvolvimento de um projeto deste tipo para qualquer tipo de edifício. Para nós, que estamos integrados neste tipo de atividade, fazer um projeto de um edifício de habitação, ainda que agora não seja assim tão simples, por força das imposições regulamentares, é acessível a qualquer equipa técnica que trabalhe nesta área hospitalar e faz o hotel, as pequenas clínicas e os centros de saúde. Se em qualquer edifício, o objetivo é criar as condições ambientais adequadas para as pessoas permanecerem lá dentro, no caso dos hospitais há, como sabemos, situações diferenciadas muito específicas, muito importantes.
É completamente diferente o grau de exigência para fazer o projeto de uma sala de cirurgia ou de uma unidade de cuidados intensivos, quartos de isolamento, áreas laboratoriais - são setores muito específicos. Nos hospitais, por maioria de razão, há um aspeto que temos debatido publicamente, sistematicamente, que é o controlo das infeções dentro dos edifícios hospitalares. Isso é fundamental, embora envolva outros fatores. O AVAC, por si só, não faz tudo; é uma preocupação fundamental, mas não é a primeira.
Tem de estar perfeitamente integrado, e começa na arquitetura. Começa na conceção arquitetónica do edifício, muito particularmente de um hospital. Existe uma ideia muito falada pelos arquitetos da área hospitalar, que é a preocupação com os circuitos de forma a evitar que haja perturbação nas áreas mais limpas do hospital, que não se misturem com áreas sujas e circuitos que não se cruzem de qualquer maneira, associada às superfícies, aos materiais utilizados, às superfícies utilizadas para desenvolver diversos processos de apoio aos doentes. No que diz respeito ao projeto de AVAC, e ainda que isto seja comum a todos os edifícios, é preciso ter em conta as características da envolvente do edifício – o grau de isolamento das paredes, o grau de tratamento das janelas. (...)
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