C-Gas: propano em máquinas exteriores

A maioria dos gases fluorados no mercado tem um elevado efeito de estufa. O regulamento F-Gas limita a sua utilização, tornando o propano um gás promissor para o futuro da refrigeração e do ar condicionado. Este artigo aborda a utilização do propano como gás frigorigénio no projecto e na instalação de sistemas de climatização. 

O foco deste artigo é definir as distâncias de segurança de uma máquina de refrigeração que use propano como refrigerante, para conforto humano, instalada no exterior. Aplica-se a esse caso a EN378-1 que implica limitações de carga do refrigerante por circuito. A EN378-3 contribui para a definição do que são espaços ao ar livre e cuidados a ter com zonas de estagnação de gás. No final faz-se uma avaliação de risco.  

Conclui-se que é necessário estabelecer em regulamento próprio (um regulamento C-Gas) quais as condições de utilização de sistemas a propano, para várias tipologias de utilização. 

Breve história dos refrigerantes 

Os hidrocarbonetos foram utilizados como refrigerantes desde 1850. Num anúncio em 1922, em Nova York, atestam-se as excelentes qualidades do propano como gás refrigerante relativamente à amónia. Seguiram-se os cloro-fluor-carbonados (CFC) e, mais tarde, os hidro-cloro-fluor-carbonados (HCFC), que marcaram o mercado da refrigeração de 1930 a 2014. Rowland e Molina identificaram em 1973 que a molécula de cloro destes gases era responsável pela destruição da camada de ozono, o que lhes valeu um prémio Nobel em 1995. O potencial de destruição da camada de ozono (Ozone Deplection Potential - ODP) tem o R11 com base 1, o valor mais elevado dos gases utilizados em refrigeração, embora não o mais elevado dos gases industriais. Os refrigerantes com ODP elevado foram banidos progressivamente na década de 90. Mesmo o R22 com ODP de 0,055 acabou por ser proibido de ser comercializado na Europa, mesmo reciclado, a partir de 2015.

Os hidro-fluor-carbonados (HFC) e os hidro-fluor-olefinas (HFO) foram os gases do primeiro quartel deste século. Mas, o aquecimento global passou à ordem do dia, e com mais intensidade após o acordo de Paris (Dezembro de 2015). O efeito de aquecimento a 100 anos é estimado para cada gás com referência à molécula de CO2. O índice GWP100 (Green Warming Potential) reflecte essa relação, pelo que GWP100CO2 = 1. A maioria dos gases fluorados para refrigeração tem elevado GWP. O fluor (símbolo químico F) contribui decididamente para o aquecimento global. O R23 tem GWP100 = 14 800, o maior valor entre os gases fluorados usados em refrigeração. Mas outros gases aplicados em outras indústrias ultrapassam esse valor. O SF6 é o gás com maior efeito de estufa. 

Os regulamentos F-Gas (F de fluor) têm, desde 2006, travado as emissões de gases fluorados. O segundo regulamento europeu neste campo, o F-Gas (2014), impôs reduções na utilização de gases fluorados de cerca de 30 % a cada 3 anos desde 2015. Passados que foram dez anos, e na sequência da lei Europeia do Clima, o novo regulamento F-Gas de 2024 restringe o fabrico de novas unidades com gases refrigerantes de GWP superior a 150, culminando com a sua não utilização a partir de 2035 em vários tipos de máquinas. A União Europeia (EU) pretende não utilizar qualquer tipo de gás com efeito de estufa em 2050.

Os refrigerantes do futuro próximo serão as hidrofluorolefinas (HFO) ou produtos naturais como a amónia e hidrocarbonetos. Em particular, o propano parece ser um dos gases de futuro. É um “back to the future”.(...)

Por Miguel Cavique
Professor da Escola Naval, Proprietário da CEST

Leia o artigo completo na Avac Magazine nº 12, abril/junho 2025

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